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Fora de controle

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O que gera um comportamento compulsivo, e como se livrar dele?

A princípio, a ansiedade é uma reação natural diante uma situação angustiante ou temida. Em doses normais, ela nos ajuda a manter o foco – como às vésperas de uma prova – e nos impulsiona – como quando precisamos realizar algo importante. Faz parte de nós querer ter controle sobre as situações; para isso planejamos, nos informamos e empregamos esforços.

Porém, algumas pessoas têm essa necessidade de domínio exacerbada, o que pode configurar um transtorno de ansiedade. Os ansiosos não relaxam após fazerem o que estava ao seu alcance para direcionar os acontecimentos. Vivem em constante tensão, que desencadeia inúmeros problemas, inclusive a compulsão.

Uma coisa leva à outra

A compulsão se caracteriza pelo descontrole. Coisas simples, como um docinho, podem se tornar um transtorno quando não há um limite. E, em muitos casos, a compulsão está associada à ansiedade. Mas por quê?

O ansioso, naturalmente, tenta aliviar a sua tensão buscando algum prazer ou conforto, seja na comida, nas compras, nos jogos, no sexo, no uso de substâncias ou em atividades específicas. O problema é quando isso ocorre repetidamente e se torna um hábito. Na tentativa de resolver um distúrbio, são gerados outros bem maiores. Apesar de proporcionar o alívio que se buscava, esse novo hábito traz muitos prejuízos, que fazem o indivíduo sentir-se frustrado e infeliz. Ele acaba ansioso para controlar esse comportamento, e novamente precisa recorrer à mesma conduta para aliviar a tensão. É um círculo vicioso.

Quando não tratada, a ansiedade também pode gerar outros distúrbios, como transtorno obsessivo compulsivo (TOC), síndrome do pânico e fobias. Alguém que abusa do álcool ou das drogas logo percebe que algo não está bem; porém, outros comportamentos, por serem aparentemente inofensivos, podem ser abraçados com entusiasmo, e muitas vezes a pessoa demora a perceber que há algo errado consigo. Neste grupo estão as pessoas com mania de limpeza, as que exageram nas atividades físicas e os workaholics (viciados em trabalho). Porém, cedo ou tarde, o aspecto nocivo da compulsão e os danos à vida da pessoa se tornam evidentes.

Sou compulsivo. E agora?

Conheça-se: Saiba identificar a sua ansiedade, a origem dela e como ela afeta a sua vida em diversos aspectos. Reconheça, também, o comportamento (compulsão) que está tirando o seu foco da realidade.

Questione-se: Diante de um ato compulsivo, pergunte-se: o que estou buscando com este comportamento? Ele vai suprir o que, de fato, está me faltando?

Encare: Não ignore a realidade. Se a origem da tua ansiedade for algo que você pode controlar, trabalhe em prol de uma solução definitiva.

Seja gentil consigo: Especialmente se o que desperta a tua ansiedade for algo que está além do teu controle, aprenda a descansar e não se culpe pela situação ou por não conseguir dominá-la.

Busque ajuda: Na vida, alguns problemas se resolvem sozinhos; outros, nós mesmos solucionamos com algum esforço. Porém, existem aqueles que demandam assistência especializada.

Tenha fé: Deus te criou com a capacidade de dominar os teus impulsos. Acredite no seu potencial e, sobretudo, conte com a força que vem de Deus para enfrentar os teus desafios.


Luciana Mendes é psicóloga, especialista em transtornos alimentares e emagrecimento.

Artigo publicado originalmente na edição do 3º Trimestre de 2020 da Revista Afam

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